domingo, 30 de agosto de 2009

Um pouco domingo, um pouco agosto

Agosto já é!
Final de agosto já é!
Talvez porque o tempo passa rápido
Talvez porque a gente não perceba
E deixa o tempo ir escorrendo
Indo
Levando tudo, ligeiro
E o ano já começa a ver o seu fim.
Mentalidade cíclica!

Domingo hoje é!
E de hoje fica mais fácil falar:
Domingo é agora!
Nem pé, nem cachimbo
Nada para rimar
Nada para acalmar...
Domingo
Nada de cíclico, tudo parado.

Domingo de Agosto
Desgosto
Vai indo
Paz e Alvoroço
Fim e começo
Nada pelo avesso!
(Ou tudo pelo avesso?)
Dormir e acordar
Dúvida no ar...

domingo, 23 de agosto de 2009

Em busca de um tesouro próximo à TV

Um dia todo mundo cansa. Há um momento inevitável na vida que o cansaço torna-se mais evidente. Existe um tempo - e esse tempo vem - que não há mais jeito para continuar andando. O “caminho-da-vida” é longo: muita palavra, muito som, muito cotidiano, muita baboseira, muita gente. E às vezes a situação vai ficando incrivelmente confusa. Vem um tempo certo, marcado no relógio, que a voz fica pálida, e, sendo assim, usa-se a voz dos olhos. Não dá para criticar, analisar, falar, brincar, insistir, pois a exaustão se torna muito simples, clara, óbvia. Não há outra maneira: é preciso parar. É preciso parar, respirar fundo. É preciso rever, reiniciar. Voltar atrás. É preciso esquecer. É o momento ideal para apagar tudo e voltar a escrever, e, se quiser [e não há menor problema nisso] apagar novamente e repetir o processo contínuas e incontáveis vezes. Nessas horas, mais do que nunca, você é você. Você é o dono de você, e só você sabe o que fazer e/ou pra onde ir. Há um fiasco de “liberdade verdadeira”, e se revela um momento para que, com o fiasco, você comece a tecer novos rumos, oportunidades, horizontes... O bom do fim, é que ele revela novos começos. E começar é sempre bom! A solidão do fim, misturada à estranheza do começo, nos dá novas chances (e novas chances não são fáceis e simples de adquirir). É só abrir os olhos e querer enxergar. Enxergar novas cores, novos desafios, novos tesouros. Buscar novos tesouros. Em finais de arco-íris, em partituras de músicas, em shows, em relacionamentos, em conversas. Aqui ou ali, é só procurar. E pra quem não quem quer se esforçar muito, há um tesouro bem próximo à TV, provando que o fim, como disse, pode ser um bom começo. Provando que o que é, pode realmente não ser. É tudo ou nada. E o "nada" pode ser tudo o que se precisa!

Obs.: Créditos ao Sr. guh-pax, que em uma conversa qualquer de MSN, me "arranjou" uma ideia para um novo texto: "Em busca de um tesouro próximo à TV"...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A banda invisível

Era uma vez uma banda invisível. Ela era composta por alguns componentes, todos invisíveis. Era feita de moças e rapazes invisíveis. Não davam a mínima para o que o resto do mundo poderia pensar deles, afinal ninguém os enxergava. Eles ensaiavam em um lugar que ninguém sabia onde era, apresentavam-se em shows inexistentes, e tinham fãs em todo mundo; fãs que, ao que parece, também eram invisíveis, pois ninguém nunca deu notícia dos mesmos. Seu estilo musical era variado; tocavam de tudo. Dependia da ocasião e humor. E levavam a vida assim, livres, leves, soltos e invisíveis. Mas como tudo muda um dia, eles também resolveram mudar. Houve uma época que decidiram tornar-se visíveis. Nem todos eram simpáticos à idéia, porém de muita pressão dos que eram favor, os outros acabaram cedendo. E se fizeram visíveis. Planejaram uma turnê, montaram um repertório, combinaram as roupas. Venderam ingressos, convidaram celebridades, preparam o local. Tiraram fotos com criancinhas pobres e carentes, levantaram diversas bandeiras ideológicas, rasparam as cabeças. Pintaram o cabelo (depois que os cabelos cresceram), colocaram piercings, foram à Bahia. Freqüentaram torneios esportivos, abriram copas do mundo. Começaram a ir às baladas, festas, e, com isso, tornaram se dependentes do álcool, maconha, cocaína, heroína, LSD, e todas as drogas que você conseguir imaginar. Posaram pra revistas variadas. E fizeram tudo que as pessoas visíveis fazem. Mas foi tudo de mentira, porque, na verdade, ninguém os notou. Nada valia. Ninguém sequer deu importância, aliás, o que é pior: ninguém quis vê-los, mesmo já sendo visíveis. Ninguém pediu autógrafo. Ninguém cantou seus hits. E eles ficaram perplexos. Será que a melhor saída era voltar a ser invisíveis novamente? Pensaram e pensaram. Depois perceberam que não havia mais saída, que nada poderia fazer sentido agora, e desfizeram a banda. Cada um foi para um lado, carregando o peso da visibilidade. Cada um com seu cada qual, cada um com seu próprio umbigo, com suas qualidades e defeitos para quem quiser ver. Vida vazia! Depois de anos do acontecimento dessa história, soube que eles andam se reunindo para um novo projeto. Algum novo som. Não sei muito bem. A verdade é [e eles souberam muito bem desta] que nada pode ser pior que a dor de ser visivelmente invisível.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A mente

A mente, para ser independente;
Viver decentemente;
Assassinar o tédio;
Analisar a gente.
A mente.

A mente, pro frio tornar quente;
Para não falar erroneamente,
Para agir decentemente,
Corresponder aos fatos.
A mente.

A mente, eficientemente;
Se é sim, obviamente;
Se é não, então não tente,
Infelizmente!
A mente.

A mente!
Vamos usar a mente!
Surpreendentemente,
Conscientemente,
Absurdamente,
Para amenizar a vida...


A mente.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quando acabam-se as palavras

O que somos nós? O que eu sou? Alguém que vive dia após dia? Continuidade? E quando tudo se interromper, quando a mulher-de-foice chegar, o que eu serei? Como estarei, qual serão as cores, as palavras? E quais serão meus argumentos? Vai ter valido a pena? Aliás, francamente, o que é “valer a pena”?

Não há como definir a vida, ela é um mistério sem fim. A verdade é que na vida a gente dorme e acorda. E disso todos sabemos muito bem, é uma certeza clara e óbvia. Dormir, acordar. E um dia dormiremos para sempre. E nada mais importará... Nada!


"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."
(Mateus 6; 19 ao 21)

Contraponto

Andam por aí dizendo que sou Fraco. Não sou Fraco. Sou forte!
Não conhecem a fortaleza que tem um rapaz de juízo e idéias no lugar.

Andam me chamando de louco, de vez em quando, aqui e ali. Digo: Não o louco que vocês pensam.
Pessoal que não sabe reconhecer a extraordinária sensatez que possuo. Extrema Sensatez. E confundem com loucura.

Andam dizendo que sou confuso. E cada vez eu tenho mais pena de vocês, que fingem equilíbrio. Em sorrisos amarelos. Em falas mal-faladas. Em vidas mal-vividas.

Pensam estar melhores que eu. E isto até que pode vir a ser fato. Porém, nunca tive intenção nem audácia de ser igual, melhor ou pior de que qualquer pessoa nesse mundo. Pensando assim, menosprezam minha luta constante na tentativa de me diferenciar, de não ser mais um na multidão.

Andam depreciando – vejam só - o que acho mais valoroso: A busca de mim mesmo.

Por isso, hoje, eu vos incentivo. Continuem com seus cérebros. Eu estarei com o meu. Preservem os seus inéditos pensamentos de sempre. Os meus estão bem guardados comigo. Riam. Eu também estarei rindo. Comam, bebam e se fartem do que há de melhor desta vida. Casem, beijem, fumem, amem, difamem, chorem, impliquem, traiam, paguem, atendam, matem, morram.

Eu estarei aqui, com meus pensamentos loucos, minhas verdades estranhas, minha maneira confusa. Mas estarei!
Viver é muito mais que vocês pensam. Muito mais do que eu penso.


(Nota: Por mais que este texto pareça agressivo, sugiro a ao leitor que o considere como uma profunda reflexão de um momento. E momento é momento. Neste caso, o momento foi o mês passado; um mês não tão bom para mim)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Velas e vidas

É interessante como certas coisas só são percebidas em “determinados momentos”. E, inclusive, é até engraçado.

Hoje faltou luz o dia todo. Já é noite e o sol já não mais ilumina, deixando a casa totalmente escurecida. Minha mãe arranjou algumas velas e as acendeu; e eu – enfastiado pelo tédio de um dia inteiro -, resolvi pegar uma das velas e fixá-la sobre o chão de taco do meu quarto e tentar escrever alguma coisa. Bem... Não tenho imaginação pra escrever uma história, um conto. Tampouco estou inspirado ao ponto de escrever uma poesia. Na verdade, faltam-me palavras. Além do mais, estou bastante concentrado na vela acesa bem próxima a mim. É uma incrível invenção. Um tubo de cera que, no centro, envolve uma linha grossa, quase um barbante (é estúpido descrever uma coisa tão óbvia, mas continuo no meu encanto). E – para mim – acontecimento mais esplêndido se dá quando o fogo é atiçado a parte externa da linha – a que não está envolvida. Ah! Todo mundo já viu uma vela antes, sabe do que estou falando. Voltando ao fogo: ele não consome de uma só vez a cera; muito menos estilhaça a linha toda. É um processo lento e inteligente. Vagarosamente o fogo consome parte da linha e, na mesma proporção vai derretendo uma parte da cera; revelando nova parte de linha para continuação do processo. Processo simples, processo vagaroso, processo que até saudosismo me trouxe. Acho que é como Renato Russo disse em sua música “Índios”: “Saudade de tudo que eu ainda não vi”. E todo esse processo (visto no escuro, debruçado no chão) me obrigou a fazer uma analogia entre a vela acesa e as nossas vidas. Pois é. Lembrou-me a vida, a minha vida. A vida, que segue vagarosamente. Segue derretendo cera, queimando linha. O processo também é vagaroso, mas não para, nunca para. E à medida que o fogo vai movimentando nosso processo-de-viver, muitas vezes nos apegamos às coisas demais, pessoas desnecessárias, sons, imagens... E apegamos demais. Às vezes, nos apegamos tanto, que nos esquecemos da nossa própria individualidade, no nosso próprio fogo, da nossa própria linha, nossa própria vida. Começamos a nos nortear, baseados no fogo das outras coisas, nos esquecendo que viver é a coisa mais pessoal que existe. Porque nossas vidas são feitas de escolhas e as escolhas são pessoais. A vida é assim: Cada um com sua própria vela, cada um se permitindo queimar de uma maneira. É isso, simples. Simples e complexo. Viver é assim mesmo: simplesmente complexo. Como uma vela.

Depois dessa reflexão, percebi que a luz elétrica voltou. Não penso mais na vela agora. Acendi a luz. Apaguei a vela sem drama nenhum, assim. E agora estou preocupado. Fico receoso de que quando o fogo acabar com a cera da minha vida, eu perceba que desperdicei boa parte de linha.

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