segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nostálgico, trinta e um

O que a contagem regressiva não disse
E nem os olhos (alheios) disseram
Também os meus olhos não perceberam
E eu de fato que não pude perceber
durante o ano;
Esse ano velho, que já se foi.

E não foi a esperança de um novo ano,
sobretudo, nem o conselho
de uma vida melhor
de mais humanidade
de mais amor;
não foi isso!
Não pude crer
e não cri.

Mas a contagem regressiva, aflita,
Como se quisesse impregnar-se em mim,
ficava dizendo “é natural, é natural”.
E eu me sentia assim, desanimado.
Mas ela continuava, como se quisesse me assustar:
“É natural, é natural”
E assim a vida foi prosseguindo até o limite.

E o limite era o ano novo
em que insistiam em incutir
paz, amor, esperança.
E de novo a contagem regressiva:
“cinco, quatro, três, dois, um...”
mas se foi o amor e paz.

E para mim, cético que sou,
desesperado e desacreditado
(como um morto)
só restou a esperança
para em mim disseminar
as palavras que eu não sei explicar!

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àqueles que, como eu, usam óculos:

A esperança nunca morre. Na verdade ela é a ausência de morte. Ela pode existir – se você quiser – quando não é mais possível se acreditar em promessas, em paz, em amor profundo. Sobretudo ela pode permanecer. A capacidade que no mínimo, contudo, pode trazer um fio de alegria para investigar 2010.

Não sou otimista. Não mesmo; ainda mais no mundo atual. Mas a quem de óculos leu este blog e quem gosta de meus textos (e eu estou certo que não são muitos) eu desejo isso: que vocês sejam capazes de ter esperança (seja no que for) quando tudo parecer morto. Pois a esperança funciona assim: faz renascer quando tudo está/parece morto.

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E para terminar, uma musiquinha que não tem nenhum sentido quanto ao texto, mas que eu gosto muito. E já que você veio até aqui, não custa nada ouvir:



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Assinado, o louco Dono dos Óculos (Wendell).

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O Natal!

É natal do menino. E já não é só um menino que nasce; milhares de mães dão a luz diariamente a vários meninos. E algumas nem queriam tê-los: apenas são vítimas da ignorância. E as crianças – tão frágeis! - ainda não têm tempo para refletir; são novas demais. Também já nascem predestinados, mesmo que o destino não se faça tão feliz e tão glorioso.

É natal dos Reis que vieram de longe. E eles trouxeram as marcas de roupa, as músicas, as notícias e as tendências (pois mesmo sem acreditar, ainda assim, não dizem “Feliz Natal”, mas “Merry Christmas”). E trouxeram um modo de pensar para que as pessoas aceitassem; e aceitaram. Elas (as pessoas) vestiram suas roupas (que os Reis trouxeram), ouviram suas músicas, tenderam às suas tendências. Aceitaram tudo sem reclamar. Talvez por terem ficado cegos pela luz da estrela que esses reis trouxeram junto.

É também o natal dos sentimentos profundos. O amor, a esperança, a paz. Sentimentos que são imensos e profundos nas bocas, nos abraços, nos olhares, nos presentes. Mas só duram apenas um mês; em um ano com dozes meses. Infelizmente ou felizmente isso acontece, e já não sei mais o que falar.

Fez-se natal também para os doentes que estão aguardando cura. E para os famintos que querem comer. E isso não importa aos sadios e fartos: então é natal! Natal do presépio e das presepadas.

E mesmo o menino estando abafado, estando a virgem com medo, o pai apreensivo, os anjos calados, há o que anunciar: o silêncio.

E sou obrigado a me calar também. Pois se fez natal em mim e eu já não sei o que dizer. “Feliz natal”, talvez? Acho que não. Não ouso. Para quem usa as palavras, assim, sem saber o que significam, tudo bem... Que digam! Mas eu não.

Aos que amo: continuarei amando e me dedicarei a continuar sempre amando. E esta é minha sina. E continuar com ela é meu objetivo, não só no natal; mas no carnaval, nos dias de chuva, nos dias de tristeza e nos dias de raiva. E também naquele dia em que o vento é intenso e a escuridão também é intensa, e as palavras somem e não há o que fazer: sobretudo nesse dia, que eu continue sabendo o que é o amor.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Constatação I

A morte é uma coisa mais estranha ainda. Mais ainda do que a gente pensa enquanto não a vê. Estive certo por um tempo que estava bem resolvido quanto a esse assunto; mas não. Não estou. Por mais natural que possa parecer (e eu quero que pareça) ela sempre traz uma enorme estranheza a qual se mistura a um pouco de tristeza. E essa mistura faz-se esgotar todas as minhas palavras fatigadas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ser intenso

A intensidade eu conheço muito bem. Sei de cor o que é roer unhas, falar muito (e não conseguir concluir), como é a sensação de andar depressa, de ser sincero involuntariamente, de carregar uma culpa imensa e por isso fugir. Fugir não sei de quê, aliás.

O coração batendo muito forte (como de quando a gente está muito ansioso) faz parte de mim e é muito comum no meu cotidiano. Muito comum mesmo! E tem aquela melancolia constante, impregnada que é companheira e há tempos me define; define meu caminho e o meu caminhar.

Sei bem como é, estando querendo ou não, desse meu jeito, fazer de tudo para agradar. Sei também como é fazer de tudo para desagradar e se livrar de uma vez.

Sei que devido a isso tudo, eu até soube sorrir, mas hoje não sorrio tanto. Entretanto aprendi a chorar por motivos reais. E acho que é uma grande evolução ser, assim, intenso (ou louco) e conseguir construir algumas coisas boas que me fazem ser melhor.

Estou certo que há suas vantagens em ser assim. Intenso, inquieto. E também existem desvantagens. Mas não me preocupo em definir essas coisas e vou vivendo carregando essa pequena contradição.

E me digam qual é ser humano que não carrega consigo essa contradição? O que acontece é que uns tem consciência dela, outros não... E eu, Wendell, tenho sabido dela INTENSAMENTE!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Para que se tornem céu

Palavras para Você – que é a causa da minha vida.

Não são palavras bonitas, são palavras reais. Não há enfeites ou metáforas. Nada de como quando eu faço textos sobre o meu cotidiano viver, sobre minhas cotidianas pessoas.

Aliás, iver não é fácil, não é mesmo; e Você sabe. Tender não é fácil! Mas apesar de Você saber, gostaria que ouvisse da minha boca. Por exato, saiba por minhas próprias palavras (e só minhas): não tem sido fácil!

Eu tenho me decepcionado profundamente, muito profundamente. E o pior é que não sei se estou decepcionado comigo, com as pessoas, com o mundo ou com a falta de mundo. Estou perdido. E também estou triste por já não saber mais denominar o que sinto. Das diversas maneiras que encontrei de procurar a felicidade, a mais eficaz tem sido – mesmo – a solidão; a multiforme solidão. Vida de Solidão, caminhar de Solidão.

Saiba que tenho sabido o que quero, tenho gostado, tenho criado vínculos, tenho (será?) amado; mas não sei se acredito nessas coisas, pois todas elas, de fato, se tornaram “coisas”. De valor ou não, se tornaram coisas. Apenas Coisas.

Vou e volto na minha inconstância. Até quando é poético? Qual o limite da poesia? E do sofrimento, qual é?

Minha vida está pelo avesso!

Portanto, a Você que escreveu as palavras em mim (e transcrevo-as como um bobo) eu declaro minha fé. Ainda que pequena, eu declaro minha fé a Você. Faça-me chorar e eu estarei melhor; limpe meu coração e eu serei melhor; ajude-me, por favor.

Pois é apenas para Você que declaro minha desonra. Minha covardia, minha falta de luz. A Você, DEUS, dispenso as entrelinhas. A Você que tudo sabe, declaro. Por declarar apenas, para desabafar, sei lá, talvez por inúmeros motivos. Declaro, ora. A Você, DEUS, que se fez minha salvação. A você que antes mesmo da palavra me chegar a boca, já as conhecia.

Torno-me contraditório, mordo a língua. Mas você me conhece.... e por isso – só por isso – eu escrevo. E assino:

Wendell Dos Reis Silva – seu eterno errante.

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