sábado, 17 de maio de 2014

A segunda canção de retorno

Quando eu retornar, não sei se certamente estarei lúcido, pasmo, corado; não sei se sentirei frio, porque geralmente não sinto frio. É provável que eu não esteja com frio. Quando eu retornar, esperem de mim a escolha mais sutil de toda a humanidade. Eu vou escolher detalhadamente, com todas as minhas franquezas, pois escolher é um ato de maturidade. Para todos os males, haverá calma; quem diria? Para o amor.. permaneceremos no amor, ora! De uns tempos para cá me dediquei, mas não com muito força, a entender minha decisão de retornar. Sim, sim, de verdade. Sem muitas conclusões, mas com algumas perguntas. Exemplo. Retornar para quê, para onde? Primeiro: retornar porque deu hora, é tempo.  Segundo: para mim mesmo. "Olhai os lírios dos campos", "mirem, vejam". Não estou certo, mas provavelmente retornarei em meados de algum agosto ou algum setembro -  nessas épocas se ouve melhor as coisas, prestamos mais atenção e os dias geralmente são amarelados: pura poesia, ou algo do tipo. Estarei feliz (ou empolgado, ou alegre). É mesmo, estarei, sim! Quando eu retornar, não "batam latas", mas apenas acenem com o olhar. Espero que haja poliglotas, academicistas e intelectuais-ocidentais em geral: para esses, haverá exibição de mim mesmo... e será uma chacota geral! Quanto aos outros, muito bem, serão bem vindos ao espetáculo - que nem espetáculo é - e no íntimo saberão que retorno e escolha são coisas seríssimas. Quando eu voltar, espero que todos estejam muito bem. Eu retornarei e o céu saberá. E sendo ele indiscutível, tudo será para ontem e para sempre. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acessos